Pode-se dizer que o carnaval em São Caetano de Odivelas, no Pará, é resultado do hibridismo entre elementos artesanais e de festejos diversos. Trata-se de uma manifestação recente, que vem encantando muitas pessoas que passam pela região e se deparam com os Cabeçudos de São Caetano de Odivelas, os pierrôs e o Boi-bumbá de Máscaras em uma festa fantasiosa. Desde 2006, a tradição inventada na região se vale do artesanato e da criatividade dos moradores para dar vida e cor às ruas da cidade, alegrando crianças e adultos em um carnaval regional. Todos as peças e vestimentas são feitas artesanalmente pelos moradores da cidade, mostrando mais uma vez que o artesanato concretiza o imaginário e da vida dos brasileiros.  

Cabeçudos de São Caetano de Odivelas no Carnaval e a dança nada fixa da cultura brasileira.

São Caetano de Odivelas se localiza no nordeste paraense, a 100km de Belém. Com apenas 18 mil habitantes, é uma cidade que mistura criatividade com tradição. Subvertendo a lógica, os odivelenses, como se chamam as pessoas que nascem no local, trouxeram o bumba meu boi para o carnaval. Mas este não é um boi qualquer, o Boi de Máscaras não segue o auto tradicional dos bois-bumbás, muitas vezes o folguedo é criado na hora que os personagens saem às ruas. Outra curiosidade é que são necessários dois brincantes para dar vida ao boi, transformando-o em um quadrúpede. São 18 personagens que compõe o universo dos bois de máscaras, como a zebra, o búfalo e até o dinossauro. Existem também os pierrôs e cabeçudos que colorem a festa. Em 2006, buscando uma identidade própria para o carnaval da cidade, os moradores resolveram trazer o boi de máscaras para os festejos e, junto a ele, acrescentaram as bandas de fanfarra, que tocam frevo e marchinhas de samba.   

Carnaval Cabeçudos de São Caetano de Odivelas
Carnaval em São Caetano de Odivelas. Foto: Ratão Diniz/UOL

O artesanato tradicional encontra a festa e se transforma em personagem.

Uma das figuras que mais se destacam neste carnaval são os Cabeçudos ou Préas como são chamados pela população local. São consideradas as fantasias mais engraçadas do boi e abrem o cortejo com coreografia própria. O personagem ganha vida a partir de cestos tradicionais da região amazônica, chamados paneiros. Estes são usados no cotidiano das famílias como armazenamento de itens, mas principalmente para trazer a produção da roça, como a mandioca, para as casas de farinha. Normalmente, trançados com cipós retirados das matas tem formato similar em quase todo o Norte, com uma trama que chamam de olho, pois remetem à vários olhos hexagonais. Aproveitando elemento tradicional do dia a dia, os moradores de São Caetano de Odivelas pegaram seus cestos de palha, e já com o hábito do papel machê os encaparam e deram vida aos cabeçudos. Os cestos, quando prontos, são colocados até metade do corpo, formando figuras com cabeças gigantescas. Nas pernas, que ficam de fora vestem uma roupa que remete a um terno ou outros trajes masculinos. outras vestimentas masculinas. E braços soltos são acoplados por dentro das máscaras. Os cabeçudos podem ser crianças ou adultos, homens ou mulheres, e levam a irreverência da caricatura para o carnaval. 

Cabeçudos de Sâo Caetano de Odivelas e fantasias em demonstração
Cabeçudos de Sâo Caetano de Odivelas e fantasias em demonstração. Foto: Ratão DIniz/UOL

A origem dos cabeçudos remete a um senhor que morava no local, chamado Paranga. Como já era hábito para os moradores criarem suas fantasias e brincarem nas ruas, por volta dos anos 60, ele pintou uma grande caixa de papelão com uma careta e vestiu pela cabeça até o peito. Colocou uma camisa na cintura e saiu para a rua. As pessoas gostaram da ideia e foram copiando, mudando alguns itens, até resultar no que se vê hoje nos carnavais da cidade. Pode-se dizer que São Caetano de Odivelas tem moradores extremamente criativos e vivem essa potência no seu dia a dia, levando divertimento para as ruas da cidade. 

Fonte: 

G1

ALMEIDA, Ivone Maria Xavier de Amorim; SANTOS, Jorge Luiz Oliveira dos. É dia de folia: o folguedo do Boi de Máscara em São Caetano de Odivelas/PA. Revista de Ciências Sociais, Fortaleza, v. 43, n. 2, p. 117-136, jul./dez. 2012 

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